Com o arquipélago de Fernando de Noronha como Centro de Treinamento, o atleta noronhense Alef Leandro da Silva, de 22 anos, vem se destacando nacionalmente no Va’a, que é popularmente conhecido por “canoa havaiana”. A tranquilidade e as belezas naturais da ilha colaboram para um melhor desempenho do jovem, que agora treina para se classificar na etapa mundial do esporte no Tahiti.
O contato inicial com a canoa havaiana aconteceu em 2013 e ela era, na verdade, um instrumento de trabalho para o transporte de turistas pela ilha. “Eu não me interessei pela canoa havaiana quando vi pela primeira vez.”, disse. Mas, em junho de 2015, Alef se interessou pela canoa após saber, por intermédio do atleta capixaba Carlo Castiglioni, que além de um instrumento de trabalho, o Va’a é um esporte.
Sendo um competitivo nato, quando mais jovem conquistou diversas medalhas e troféus em competições de surf, Alef decidiu treinar. Ainda sem muita técnica, mas com muita força física, ele acreditou no incentivo de Carlo, que garantiu que com o tempo de 13 km/h, eles seriam ouro na categoria OC2 (em dupla). Após dois meses de treinamento na ilha, Alef da Silva participou da sua primeira competição, e conquistou o primeiro lugar na OC2 e também na classificação geral do Aloha Spirit (RJ). Talvez não seja coincidência o nome Alef significar “primeiro” em hebraico. “A ficha, que tínhamos sido duplamente campeões, só foi cair no final de tudo. Aí, eu pensei, ‘a gente ganhou!’”, explicou Alef.
Atualmente Alef treina com foco na segunda etapa do Circuito Brasileiro de Va’a V6 (canoa com seis lugares), que acontece em setembro na cidade de Salvador (BA). Com bom desempenho na competição, a equipe de Alef, a Rio Va’a, se classifica para o Campeonato Mundial de Distância Va’a – Tahiti.
“Eu gosto de treinar em Noronha porque aqui a natureza é mais presente. Lá fora são muitos prédios.”, afirmou. Sem contar, que como se trata de uma Área de Preservação Ambiental (APA), é mais comum se deparar com animais silvestres durante as remadas. Um dos animais que costuma encontrar durante os treinos é o golfinho-rotador, do qual o atleta sempre se afasta como orientam as normas de Proteção aos Cetáceos (golfinhos e baleias). Atualmente o Projeto Golfinho Rotador, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, apoia Alef da Silva por meio do Programa de Envolvimento Comunitário.
De acordo com a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), estima-se que o Va’a seja praticado por até 25 mil pessoas na Polinésia Francesa, que é tão popular como o futebol no Brasil. No Havaí são cerca de 10 mil praticantes. Já na Nova Zelândia e Austrália, a estimativa é de aproximadamente 5 mil esportistas. No Brasil, a CBCa, contabiliza mais de 1 mil atletas regulares de Va’a.
“Hoje eu respeito muito ela (a canoa havaiana). Tenho um ciúme arretado dela. No Havaí, a canoa é tratada com muito respeito. Os havaianos acreditam que há uma parte na canoa que fica guardado o seu espírito. Hoje eu me sinto muito seguro com ela.”, finalizou Alef