A afirmação é da professora doutora Maria Christina Araújo, do departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, durante palestra no Arquipélago do Fernando de Noronha, no dia 15 de setembro. O encontro, organizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), integrou a programação do 28º aniversário do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Parnamar-FN), que ocorreu de 14 a 17 de setembro.
O lixo marinho e, principalmente, a questão do plástico foram abordados durante as rodas de debates no auditório do Centro de Visitantes do Tamar / ICMBio. “O plástico é um negócio sério, pois o uso elevado e o descarte inadequado é um problema generalizado. O plástico é o grande vilão do lixo marinho. Isto porque ele não se degrada, ele se fragmenta. Ele tem flutuabilidade, pode ser transportado pelo vento e ainda por correntes marinhas”, explicou a professora doutora Maria Christina.
A oceanógrafa Andréa Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP), também participou da palestra e explicou sobre a pesquisa realizada na região costeira de três Estados brasileiros (Alagoas, Bahia e São Paulo). No total, os pesquisadores coletaram 1,4 toneladas de lixo, durante três anos, sendo 90% de lixo plástico.
Como a questão do lixo plástico é algo preocupante, em uma das mesas-redondas o promotor André Rabelo, do Ministério Público de Pernambuco, cogitou a possibilidade de restringir novamente a entrada de produtos em recipientes plásticos no arquipélago de Fernando de Noronha. A portaria GOPE/DEFN Nº 002, de 25 de janeiro de 1996, proíbe a entrada e comercialização de produtos em recipientes e embalagens descartáveis no Distrito Estadual de Fernando de Noronha. O administrador geral da época, Elias Gomes da Silva, acolheu as sugestões do Conselho Distrital de Meio Ambiente (Condima) e resolveu proibir a entrada dos descartáveis. Mas, a portaria não foi para frente e hoje o que vemos em Fernando de Noronha é a grande comercialização dos produtos em recipientes plásticos.
De acordo com a professora Maria Christina, é preciso identificar quais são as fontes de lixo para os ambientes costeiros de Fernando de Noronha. E uma das fontes apontadas pela professora foi a corrente equatorial, que sai da África e segue para o Brasil, levando diversos resíduos sólidos. “A água é uma só. A poluição não obedece a fronteiras, ela segue o caminho que vai encontrando. Nas ilhas desertas, por exemplo, é possível encontrar problemas causados pelos resíduos sólidos porque o lixo se descola”, explicou.
As oceanógrafas também abordaram a questão dos pellets, que são pequenas esferas de resina plástica, com diâmetro de 3 a 5 milímetros. Elas explicaram que os pellets são transportados por navios e quando o armazenamento é feito de forma incorreta, os pellets acabam caindo no oceano. E, assim, são ingeridos por peixes e nós, os humanos, quando nos alimentamos dos peixes contaminados com micro plástico.
A capacidade de carga em Fernando de Noronha também precisa ser avaliada, de acordo com a professora Maria Christina. A capacidade de carga é o quanto um território ou meio consegue suportar uma determinada intensidade de uso. De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maior concentração da população brasileira é registrada na área costeira do país. “E isso traz uma série de consequências. A área costeira não vai ampliar seu espaço para que mais pessoas vivam lá, ela vai reduzindo”, finalizou Maria Christina.
No dia 17 de setembro, o Núcleo de Gestão Integrada de Fernando de Noronha do ICMBio, com participação do Projeto Golfinho Rotador, organizou o Dia Internacional de Limpeza de Praias, Clean Up Day, recolhendo 290 quilos de lixo em diversas praias de Fernando de Noronha. A maior parte do lixo era constituída de produtos plásticos.
O Projeto Golfinho Rotador é executado pela ONG Centro Golfinho Rotador, tem coordenação do ICMBio e patrocínio oficial da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
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