A Paisagem Acústica de Fernando de Noronha

Em setembro de 2016 ocorreu mais uma etapa da pesquisa “Paisagem acústica, decaimento sonoro e interações entre sons e comportamentos de golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha”, realizada pelo Projeto Golfinho Rotador em parceria com o Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB)/Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio do Laboratório de Morfofisiologia de Vertebrados; o Centro de Monitoramento Ambiental (Cemam) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Esta tem os seguintes objetivos:

Construir um banco de dados sonoros sobre as características dos ambientes, ecossistemas e animais do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Parnamar-FN) e da Área de Proteção Ambiental (APA-FN).
Descrever as características físicas dos sons produzidos por cetáceos, aves, peixes e ecossistemas recifais do Parnamar-FN e da APA-FN.
Descrever as características físicas dos ruídos produzidos por diferentes fontes de origem antropogênica do Parnamar-FN e da APA-FN.
Verificar possíveis impactos negativos gerados por diferentes fontes de ruídos antropogênicos sobre cetáceos, aves, peixes e ecossistemas recifais do Parnamar-FN e da APA-FN.

Esta etapa da pesquisa está atendendo uma demanda da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) e da Administração de Fernando de Noronha, que é realizar o estudo de decaimento sonoro para identificar se há ou não possível impacto com a instalação de uma nova bomba submersa na laje da Praia do Boldró. Este estudo é uma condicionante do processo de licenciamento pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para a alternativa proposta pela COMPESA para a ampliação do sistema de captação de água salgada para dessalinização.

O abastecimento de água doce potável é um dos gargalos do desenvolvimento e da qualidade de vida de Fernando de Noronha. O Arquipélago não possui nascentes de água doce. A água utilizada no abastecimento de Fernando de Noronha é resultado da dessalinização marinha. A outra parte do abastecimento é resultado da água captada no período das chuvas e armazenada durante a estiagem em açudes.

O presidente do Centro Golfinho Rotador, Flávio Lima, explicou que, em função da demora da COMPESA em atender à demanda do ICMBIO, o Projeto Golfinho Rotador se voluntariou para esta pesquisa, a fim de agilizar este processo e não atrapalhar o abastecimento de água para a comunidade.

De acordo com Geovani José Alves Demétrio, gerente da COMPESA, atualmente a estação de dessalinização produz 12 mil litros de água por hora. Com a instalação da nova bomba, o sistema produzirá até 40 mil litros de água por hora. A captação da água no Boldró é feita de acordo com a variação da maré, ou seja, na maré alta é possível captar, mas na maré baixa não. A nova bomba deverá ser instalada nas fendas de um dos corais da Praia do Boldró e seu funcionamento será de 24 horas por dia.

A Praia do Boldró tem fundo rochoso e profundidade entre 1 e 20 metros, é um local apropriado para mergulhar durante a maré baixa, quando ocorre a concentração da fauna e diminui a turbidez da água. Os surfistas também aproveitam as ondas do Boldró quando entra o swell.

Além de Flávio Lima, a pesquisa conta ainda com a participação de Simone Almeida, professora da UFRN, e os pesquisadores do Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB)/UERN – CEMAM: Dalila Leão, Daniel Solon e Aline Bomfim.

O Projeto Golfinho Rotador é executado pela ONG Centro Golfinho Rotador, tem coordenação do ICMBio e patrocínio oficial da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.