Elas são protetoras, carinhosas e reservadas. Essas são algumas das interessantes características das mães golfinhas-rotadoras de Fernando de Noronha, já observadas pelos pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador, executado pela ONG Centro Golfinho Rotador. O projeto tem coordenação do ICMBio e patrocínio oficial da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
No comportamento reprodutivo, cada fêmea de golfinho-rotador é cortejada por de um a dez machos simultaneamente, que nadam em formação triangular atrás dela. O macho mais próximo da fêmea posiciona-se por baixo dela fêmea, e copula, procedimento repetido sucessivamente por outros machos do grupo. Essa estratégia sexual resulta em uma estrutura social muito fluída, na qual inexiste a figura paterna e os laços familiares são derivações da relação mãe-filha(o) e irmã(o)-irmã(o).
Os golfinhos apresentam uma forte relação entre mãe e filhote, com elevado gasto energético da fêmea cuidando dos filhotes, possivelmente para compensar a baixa taxa de natalidade de um filho de três em três anos. É justamente nessa relação que as mães golfinhas revelam admiráveis características maternas.
Vem cá, meu filho!
Durante observações em mergulho de pares mãe-filhote, a fêmea sempre nada próxima ao filhote e, na maioria das vezes, entre este e o pesquisador que os observa. Quanto ao posicionamento dos filhotes e dos recém-nascidos em relação à fêmea, a preferência é por posições que oferecem maior proteção ao filhote, como ao lado, atrás e abaixo da mãe, sendo que os recém-nascidos buscam ainda mais essas posições, claramente à procura de proteção. Em casos em que o filhote demonstra uma curiosidade maior pelo mergulhador, aproximando-se dele, a mãe afasta o filhote, com toques, leves empurrões ou com uma vocalização muito alta e específica, emitindo um chamado que os pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador denominaram de “vem cá, meu filho”.
Observamos grande cuidado das fêmeas para com suas crias, que incluem toque com suas nadadeiras nos filhotes, preferencialmente no dorso e nas nadadeiras. Sons suaves são habitualmente emitidos pelas fêmeas em direção aos filhotes, especialmente quando eles parecem estar angustiados ou quando retornam das suas brincadeiras.
Hora de mamar
A amamentação é observada diariamente, quando os filhotes se posicionam ao lado de sua mãe e esfregam ou dão pequenas batidas com a ponta do rosto na fenda mamária da fêmea, de onde o leite é expelido. A amamentação, aliás, é o comportamento mais difícil de ser observado e registrado, devido à interrupção do ato ou à fuga da mãe e do filhote diante da aproximação do pesquisador. Somente as fêmeas que já haviam mergulhado por várias vezes com o mesmo pesquisador permitiram a aproximação durante a amamentação. Essa dificuldade em se aproximar de mães amamentando evidencia que esse é o comportamento mais íntimo entre os golfinhos-rotadores de Fernando de Noronha. Por isso, é tão importante que esses animais tenham uma área exclusiva, totalmente preservada e livre da presença humana.
OBS 1: mais informação: www.golfinhorotador.org.br.
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