A Lua é o único satélite natural da Terra e a forma, como a vemos, altera de acordo com sua posição em relação ao Sol, isso origina as fases da Lua. As principais fases são lua nova, quarto minguante, quarto crescente e lua cheia. Essas fases são apenas ilusões de ótica provocadas pelo fato da Lua não ser um corpo celeste luminoso, mas sim, um corpo iluminado pela luz do Sol. Assim, a chamada “lua cheia” ocorre quando a face da Lua iluminada pelo Sol está de frente para a Terra.
A lua cheia promove uma iluminação noturna mais forte, que é assimilada de diferentes formas por cada espécie, e, em humanos, estatísticas comprovam o crescimento de casos de violência, envenenamento, internações em hospitais e redução nos estoques dos supermercados.
Para alguns animais, o evento da lua cheia pode marcar o tempo para sincronização de ciclos. A luz da lua pode influenciar a comunicação visual à noite, atividades reprodutivas e caças, como é o caso dos leões e outros predadores que atacam mais na semana seguinte à lua cheia. Isso acontece porque as primeiras horas da noite são mais escuras na semana após lua cheia e os leões estão mais famintos devido ao fracasso na caça durante as noites anteriores, mais iluminadas.
Em ambientes marinhos, os principais fatores que afetam o comportamento diário dos animais são os ciclos claro e escuro, as marés e os ciclos lunares. Estudos apontam que sardinhas capturam zooplâncton de forma mais eficiente nas noites de lua cheia porque o mesmo se aproxima da superfície e torna-se vulnerável. Enquanto que no litoral da Austrália, todo ano no mês de dezembro, os corais sincronizam o maior lançamento de gametas da Terra.
Também foi observada a influência da lua cheia no comportamento dos golfinhos-rotadores de Fernando de Noronha. Os Rotadores alimentam-se durante a noite e de diversas espécies de pequenos peixes de hábitos mesopelágicos, além de lulas e camarões que são encontradas em profundidades de até 300 metros. Estas presas ficam mais próximas da superfície durante a noite para alimentarem-se de organismos planctônicos, que iniciam uma migração vertical ao entardecer até a superfície. Por isto, a atividade de alimentação dos Rotadores é realizada durante a noite, quando seu alimento se concentra a menor profundidade e assim consomem menos energia na captura das mesmas.
Com o objetivo de estudar a influência da fase da lua cheia no ciclo de vida dos golfinhos, pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador realizaram observações entre janeiro de 1991 até dezembro de 2009, de um ponto fixo, localizado na Baía dos Golfinhos em Fernando de Noronha. Esse estudo concluiu que na fase da lua cheia, a luminosidade da superfície do oceano é maior, o que facilita a captura de alimentos por parte dos predadores, tornando o término da alimentação mais cedo e, consequentemente, os golfinhos-rotadores tendem a adiantar o retorno à sua área de descanso em Fernando de Noronha.
Normalmente, o horário de monitoramento dos pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador é das 05:30 até pelo menos às 16:00, de segunda a sábado. Mas, em virtude do adiantamento da chegada dos golfinhos à área de descanso nessa fase da lua cheia, a equipe de pesquisa dá início ao monitoramento às 05:00 da manhã, ou seja, 30 minutos mais cedo do que o padrão.