photo: João Vianna
O decreto Plástico Zero, publicado em dezembro 2018, proíbe a entrada de plásticos e similares descartáveis na ilha. A medida entra em vigor no dia 13 de abril de 2019.
A atual Administração de Fernando de Noronha revisou e melhorou a portaria elaborada pelo CONDIMA, em 2002, que teve na época redação do coordenador do Projeto Golfinho Rotador, José Martins. A nova regra determina a proibição de garrafas plásticas de bebidas com capacidade inferior a 500 ml, além de canudos, copos, pratos e talheres de plástico descartáveis. O decreto também estabelece que não podem ser utilizados pelo comércio da ilha sacolas plásticas e recipientes de isopor destinados ao acondicionamento de alimentos e bebidas.
A coordenadora de Educação Ambiental e Sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador, Cynthia Gerling, realizou levantamento sobre o lixo de Noronha nos últimos 6 anos. De 2012 a 2018, o descarte de recicláveis aumentou, enquanto a quantidade de resíduos orgânico diminuiu.
Em 2012, Noronha gerava diariamente entre 6 e 8 toneladas de resíduos, sendo 25% orgânico e 75% inorgânico. Contava com uma população média diária de 4 mil moradores e de 500 turistas, gerando diariamente por pessoa 1,5 kg de lixo.
Os dados de 2018: 14 toneladas geradas por dia, sendo 12% orgânico, 67% não reciclável e 20% reciclável. Há em média por dia 6 mil moradores e 1.800 turistas.
A ilha passou a produzir 1,8 kg de lixo por pessoa. Os valores estão acima da média de São Paulo, que é 1,04 kg de lixo por dia e próximos aos dos EUA, que é de 2 kg de lixo por dia. Por mês, Noronha manda para o continente 420 toneladas de resíduo. Em 2012 e eram queimados 11 mil litros de diesel e em 2018 o valor foi de 15 mil litros de diesel por dia.
“Além desses resíduos da população local, recebemos lixo de todos os 4 cantos do mundo, que chega pelas correntes marinhas e vento”, constata Cynthia.
Em 2018, num período de seis meses, foram coletados cerca de 200 kg de plástico no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Ao todo, foram recolhidas 890 tampas de garrafa PET, redes de pesca, pedaços de cabos de nylon e demais produtos de pesca também fazem parte do lixo coletado.
Para Cynthia, o que mais chama atenção são os materiais cirúrgicos, que são encontrados regularmente. No período, foram recolhidas ao menos 42 seringas nas ilhas do arquipélago. Ao todo, foram colhidos 560 canudos e palitos de pirulito. Também foram recolhidos muitos chinelos e outros calçados, garrafas PET, isopor e escovas de dentes.
Mais de 20 países contribuem para a poluição da ilha: China, Turquia, Taiwan, Cingapura, Índia, Indonésia, Coréia do Sul, Malásia, Emirados Árabes Unidos, Costa do Marfim, Senegal, Guiné, Marrocos, Congo, Serra Leoa, Espanha, Irlanda, Alemanha, França, Grécia e Inglaterra. Cynthia se mostra esperançosa com a publicação do decreto Plástico Zero. “Que desta vez seja uma regra não apenas a ser estabelecida, mas que também seja cumprida”, declara.