O isolamento social das pessoas, recomendado pela Organização Mundial de Saúde e governos locais em função da pandemia de Covid-19, tem levado a comparações entre a permanência forçada das pessoas em casa com a vida de golfinhos e outros cetáceos em tanques de parques aquáticos como os existentes nos Estados Unidos e Indonésia.
Quando capturados, golfinhos e baleias são afastados do seu grupo familiar ou social. De quilômetros de deslocamento diário, passam a nadar em círculos. No cativeiro, o alimento é condicionado à participação em cena com os treinadores, tanto nos ensaios quanto nas apresentações.
De acordo com a Proteção Animal Mundial, organização sem fins lucrativos voltada ao bem-estar animal, há mais de 3.000 golfinhos em cativeiro ao redor do mundo. No Brasil, manter golfinhos em tanques é proibido, mas nos EUA a prática faz parte da indústria do entretenimento.
A taxa de mortalidade em confinamento é maior que na vida livre, segundo a Whale and Dolphin Conservation, instituição com foco na pesquisa e conservação de cetáceos. Estudos da WDC mostram que o confinamento pode fazer com que baleias e golfinhos cativos se ataquem. Há registros de acidentes envolvendo treinadores e até o público.
No cativeiro, por conta do estresse, cetáceos podem nadar sem parar em círculos, ficar no fundo do tanque por muitas horas e até roer estruturas de concreto e metal. Há ainda ocorrência de danos permanentes por conta desse hábito adquirido no confinamento, como o colapso da barbatana dorsal.
Essa injúria permanente ocorre nas orcas e se dá quando, de tanto elas nadarem em círculos, a dorsal ficar pensa para um lado. O colapso da barbatana dorsal foi observado em 1% das orcas selvagens. Já em cativeiro, 100% das orcas adultas machucaram as barbatanas dorsais. Outro registro da WDC é o uso de drogas como tranquilizantes em parques aquáticos para aliviar o estresse dos animais.
A coordenadora de Educação Ambiente e Sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador, Cynthia Gerling, destaca que a instituição é a favor do uso não letal dos animais e do turismo de observação da fauna na natureza. “E, nas atividades de pesquisa, optamos por técnicas não invasivas”, afirma.
As atividades de pesquisa, assim como ações na área de educação ambiental, envolvimento comunitário, sustentabilidade e monitoramento de golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha, têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.