Suspensas desde 17 de março de 2020, por conta da determinação do ICMBio em função da pandemia de Covid-19, as atividades de campo do Projeto Golfinho Rotador, que conta com o patrocínio da Petrobras, foram retomadas nesta semana. O retorno das pesquisas dos golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha, sede do projeto, foi autorizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio-Noronha) na semana passada.
“Recebemos na quinta-feira (9 de julho) a confirmação oficial do ICMBio Noronha de que estão liberadas na Área de Proteção Ambiental (APA) de Fernando de Noronha”, afirma o coordenador-geral do Projeto Golfinho Rotador, Flávio Lima.
Com a autorização, os pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador poderão registrar informações sobre o comportamento e a ocorrência dos golfinhos-rotadores na ilha sem atividades turísticas. Isso porque a entrada de visitantes em Fernando de Noronha ainda está proibida por conta da pandemia.
As atividades de pesquisa que ocorrerão na APA-FN são saídas de barco e observação do Forte Nossa Senhora dos Remédios de segunda a sábado, das 5h às 18h. Estas atividades atenderão as seguintes etapas metodológicas da Autorização de Pesquisa SISBIO ICMBio Nº 73835-1:
- Investigação de aspectos da ecologia comportamental dos rotadores.
- Investigação dos padrões de distribuição de cetáceos em FN.
- Observação e gravação de imagem ou som em terra.
A continuidade das atividades de pesquisa do Projeto Golfinho Rotador era necessário em virtude dos pontos abaixo elencados:
- Desde 1990 o Projeto Golfinho Rotador monitora o comportamento dos golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha e o impacto do crescimento do turismo sobre estes animais.
- O Projeto Golfinho Rotador é um dos maiores programas de “Estudos de Longa Duração” de golfinhos do mundo, tipo de pesquisa necessário para compreender as tendências e dinâmicas ecológicas, que passariam despercebidas em estudos de curto prazo.
- A realidade atual do Arquipélago com a inexistência de passeios de barco para observação de golfinhos é uma situação única para analisar o comportamento dos rotadores a esta nova e provisória realidade.
- Muitas de nossas atividades estão previstas no Plano de Ação Nacional para Conservação de Cetáceos Marinhos Ameaçados de Extinção do ICMBio para o Ciclo 2019 a 2024.
Estas atividades de pesquisas não terão nenhum impacto na dispersão do COVID-19 pelas seguintes razões:
- Até o término do estado de emergência devido à COVID-19, somente pesquisadores já autorizados pelo SISBIO e que se encontram em Fernando de Noronha desde o confinamento participarão desta fase da pesquisa, sem a participação de pessoas vindas de fora.
- Os pesquisadores que participarão desta fase da pesquisa residem e já se encontram dentro da APA-FN.
- Os pesquisadores tomarão todos os cuidados recomendados com relação ao COVID-19, principalmente com o contato com outras pessoas, cuidado com uniforme e equipamento.
- Os pesquisadores desenvolverão suas atividades de pesquisa sozinhos ou em duplas constantes, sempre mantendo a distância mínima recomendada e o cuidado com equipamentos individuais.
- O Centro Golfinho Rotador se responsabiliza totalmente pela saúde e bem estar de seus pesquisadores.
HISTÓRICO
Registrados pela primeira vez em Noronha em 1556 pelo frade franciscano André Thévet (1502-1590), durante expedição do governo francês ao Brasil, os golfinhos-rotadores até hoje estão associados à imagem da ilha. O turismo teve início em Noronha em 1969. Em 1970 começou o turismo náutico para observação de golfinhos.
Em 2019, em 80% dos dias foram avistados em média 338 golfinhos em Fernando de Noronha. Golfinhos dessa espécie, cientificamente chamada Stenella longirostris, durante a noite se alimentam de peixes, lulas e camarões no oceano aberto. De dia, como apontam estudos realizados pelo Projeto Golfinho Rotador, os rotadores procuram as baías de Noronha para descansar, se reproduzir, amamentar e cuidar dos filhotes.
Esses dados, frutos das pesquisas realizadas ao longo de quase 30 anos, justificam a necessidade da conservação da espécie e da biodiversidade marinha em Fernando de Noronha. É este histórico que faz com o Projeto Golfinho Rotador seja um dos maiores “Programas de Pesquisa Ecológica de Longa Duração” com golfinhos do mundo.
As atividades de monitoramento, assim como ações na área de educação ambiental, envolvimento comunitário, sustentabilidade e pesquisa de golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha, têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.