O surf e o mar
No Dia Mundial do Surf, 19 de junho, o Projeto Golfinho Rotador traz dicas sobre o surf em Noronha.
Tod@ surfista deseja estar no mar fazendo o que mais gosta: deslizar, entubar e voar nas ondas. Mas será que tod@ surfista entende a necessidade de um ecossistema marinho conservado e age em prol disso? Para responder essa pergunta, o Golfinho te chama para esta leitura.
Surfar uma onda só é possível porque a natureza nos presenteia com um de seus Serviços Ecossistêmicos. E os mares só continuarão nos dando esse presente, se suas águas estiverem saudáveis. Os mares estão adoecendo com a indústria pesqueira, poluição, uso indevido do solo e mudanças climáticas.
Não há gota de água nos oceanos que não foi afetada por nós e 41% da superfície oceânica está sob forte pressão humana. Isto provocou, entre outros efeitos, o desparecimento de 50% dos grupos de animais marinhos das regiões impactadas, inclusive os corais.
O surf em Fernando de Noronha
Os surfistas de Noronha se reúnem em dois grupos: a Escola Alma Solar Noronha para as crianças e a Associação de Surf de Fernando de Noronha (ASFN) para os surfistas amadores e profissionais.
O Projeto Golfinho Rotador é o grande apoiador da Escola Alma Solar Noronha. Aos sábados, cerca de 30 crianças se reúnem na Praia da Conceição antes da prática do surf com a equipe do Projeto Golfinho Rotador em uma roda de conversa onde são abordados temas sobre a vida, surf, conservação marinha, aulas de Yoga e exercícios de equilíbrio.
A ASFN tem cerca de 40 associados e é responsável em organizar os campeonatos locais de surf. Em parceria com o Projeto Golfinho Rotador, a ASFN organiza desde 2010 o Circuito Projeto Golfinho Rotador de Surf.
Surfar em Fernando de Noronha
De dezembro a março, Fernando de Noronha vira o Havaí Brasileiro. Com a virada do vento para nordeste, as ondulações oceânicas chegam às praias do Mar de Dentro, a face da Ilha onde o declive do fundo é mais acentuado. As primeiras grandes ondulações vão retirando areia do fundo, até que, em fevereiro e março, os fundos estão limpos e as ondas quebram perfeitamente sobre o fundo de rochas vulcânicas.
Durante o período de maré cheia, as melhores condições de surf estão nas praias com fundo de areia. A Cacimba do Padre possui a maior sessão tubular do Brasil. É uma onda que quebra normalmente para a esquerda, com uma crista espessa, totalmente oca e que pode atingir até 15 pés. A onda que quebra para a direita na Laje do Bode, ao lado da Cacimba do Padre, é um pouco menor e menos forte do que a da Cacimba do Padre, mas é mais perfeita e longa.
A Praia da Conceição é um dos picos mais constantes, principalmente de fevereiro em diante. É uma onda mais tranquila, mais fácil de surfar e que permite uma maior variedade de manobras. É uma praia que dá condições de surf com ondas de 2 a 8 pés, acima disto começa a fechar. Nesta praia, as ondas quebram para a direita e para a esquerda. É a praia indicada para iniciantes.
As Praias do Cachorro, do Meio, do Porto Santo Antônio e o pico da ANPESCA, do lado direito do Molhe do Porto, oferecem uma opção para um surf mais tranquilo, misturando fundos de pedra e areia. Dica: sempre é melhor em meia maré.
Na maré seca, é sobre os fundos de pedra que as ondas estão mais apropriadas para surfar. O mais constante pico de maré seca da Ilha é o Boldró, com ondas quebrando para a direita e esquerda. É uma onda curta, perfeita e em pé. Geralmente são tubos de 3 a 10 pés, sem muitas manobras além de batidas e “floaters”.
A bancada mais à esquerda da Praia do Boldró, conhecida por Pipeline, propicia uma onda rara que requer condições especiais de maré seca, vento sudeste e ondulação de noroeste. Mas que, quando quebra é uma das melhores de Noronha e, com certeza, a mais perigosa, devido à baixa profundidade da bancada de rocha no local.
Em dias muito grandes, as opções são a Laje de Fora da Cacimba do Padre e a Biboca. A Biboca localizada entre o Morro do Forte dos Remédios e o Porto Santo Antônio. Pico pouco surfado por falta de equipamento e surfista a altura da onda, que podem atingir 15 pés perfeitos.
O pico “Abracadabras”, que tem condições de surf com ondas entre 5 e 12 pés na maré seca, é uma baía de pedras entre a Ilha São José e a Ilha Rasa, é uma onda perfeita. A entrada e a saída do mar são complicadas, requer a experiência de alguém que conheça o local. A onda do pico “Ruro”, do outro lado da Ilha São José, na Baia de Santo Antônio, é a opção de “direita” para dias de mares grandes. É uma onda longa e perfeita, com ondulação de Noroeste e também para situação de maré seca.
O equipamento adequado para uma temporada de surf de cinco a dez dias na Ilha é duas pranchas, uma média e uma grande, cordinhas de boa qualidade são fundamentais, assim como lycra de surf.