O Projeto Golfinho Rotador realizou, no dia 21 de julho, uma formação com professores do Centro Integrado de Educação Infantil (CIEI) Bem-me-quer, em Fernando de Noronha, com foco num evento especial: a chegada das baleias-jubarte ao Arquipélago. Para uma turma de dezenove professores, a coordenadora de Educação e Comunicação Ambiental do Projeto Golfinho Rotador, Cynthia Gerling, falou sobre diversos pontos relacionados à espécie, como migração, alimentação, tamanho a que chegam, reprodução, onde vivem, entre outros. “Um dos objetivos dessa atividade é preparar os professores para uma saída de barco que vamos fazer com eles, para que possam avistar as baleias-jubarte quando elas chegarem a Noronha em grande quantidade”, explica Cynthia. As baleias-jubarte costumam chegar ao Arquipélago todos os anos, a partir do mês de julho. “Em no dia 30 de julho, faremos essa mesma atividade com a Escola Arquipélago”.
Foram várias as informações e curiosidades repassadas pela coordenadora do Projeto Golfinho Rotador, que é patrocinado pela Petrobras, aos professores do CIEI Bem-me-quer. Eles aprenderam, por exemplo, que as jubartes chegam a percorrer até 25 mil quilômetros durante sua migração – quase o dobro da distância entre São Paulo e Sidney, na Austrália -, das áreas de alimentação para as de reprodução, e que seu nome científico, Megaptera novaeangliae, significa “asas grandes da Nova Inglaterra” – do grego mega (grande) e “pteron” (asa) e “novaeangliae” (Nova Inglaterra, o primeiro lugar do mundo onde foi registrada a espécie).
Também conhecida como baleia-corcunda e baleia-cantora (devido aos seus cantos), a jubarte é um mamífero marinho presente na maioria dos oceanos. Ela é da ordem dos Cetartiodactylos, subordem dos cetáceos – mesma ordem dos golfinhos – e podem chegar a medir até 17 metros e a pesar 40 toneladas. Os machos chegam até 16 metros de comprimento, sendo que as fêmeas são maiores, alcançando os 17 metros. Em seus saltos, admirados em todo o mundo, a jubarte chega a retirar quase todo o corpo da água, num verdadeiro espetáculo da natureza. Nesse momento, suas longas nadadeiras peitorais, que chegam a medir até um terço do seu comprimento total, funcionam quase como as asas de um pássaro – daí, seu nome científico Megaptera.
Conhecida por seus comportamentos aéreos e outros mais realizados na superfície da água, a jubarte é muito popular no turismo de observação de baleias.
Estratégias de pesca
Outra forte característica da espécie são os cantos que emitem. Os machos produzem sons complexos, que duram de 10 a 20 minutos e têm a finalidade de atrair as fêmeas para acasalar. O tempo de gestação dura em torno de 12 meses e os filhotes nascem com cerca de 3,5 metros de comprimento. Também é curioso o fato de que elas se alimentam no verão em águas polares e migram para os trópicos e subtrópicos para acasalar e ter seus filhotes no inverno e na primavera. Sua dieta consiste de krill e peixes pequenos. Para isso, desenvolveram um vasto repertório de estratégias de pesca, incluindo a técnica de redes de bolhas.
Por seu tamanho e enorme quantidade de carne, gordura e ossos, as jubartes, assim como outras baleias, foram bastante ameaçadas pela caça industrial, sendo caçadas até a beira da extinção, quando sua população foi reduzida em 90%, antes da moratória de 1966. Hoje, estima-se que cerca de 80 mil baleias-jubarte vivam pelos oceanos do planeta. Mas mesmo com o fim da caça comercial, as baleias ainda têm de conviver com várias ameaças, como emalhamento em redes de pesca, colisão com embarcações e altos índices de poluição. “A jubarte é um animal lindo e fascinante, que merece todo o cuidado e proteção por parte do ser humano”, declara Cynthia.