No dia 5 de junho, durante a solenidade de comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente no Palácio do Planalto, foi assinado um decreto criando mais uma Unidade de Conservação (UC) – o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, no Pará – e ampliando outras três – o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, a Reserva Biológica União, no estado do Rio de Janeiro, e a (Estação Ecológica) do Taim, no litoral do Rio Grande do Sul.
Desse modo, o Brasil ganha 282 mil hectares de áreas protegidas pelo governo federal, num total de 79,4 milhões de hectares, o equivalente a quase 10% do território nacional. Levando em conta o novo parque, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) passa a administrar, a partir de agora, 328 unidades de conservação distribuídas por todos os grandes biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal Matogrossense, Pampa e zona costeiro-marinha.
Antes, o Ministro do Meio Ambiente traçou um quadro das realizações do ministério neste um ano de governo. Ele citou, entre outras coisas, a criação em agosto do ano passado do Refúgio de Vida Silvestre (RVS) de Alcatrazes, no litoral de São Paulo, iniciativa que contou com a contribuição decisiva do ICMBio, responsável pela elaboração da proposta. Nesse pouco tempo de funcionamento, a unidade já conta, inclusive, com plano de manejo, elaborado em tempo recorde.
O presidente do ICMBio, Ricardo Soavinski, que também participou do evento, disse, depois, que o acréscimo de 282 mil hectares é uma vitória de toda a sociedade que passa a contar com os serviços ambientais e demais benefícios proporcionados pelas unidades de conservação.
Chapada dos Veadeiros
O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no nordeste de Goiás, foi ampliado de 65 mil hectares para 240 mil hectares, ou seja, quase quatro vezes o seu tamanho atual. O parque ficará, assim, com duas áreas descontínuas, cortadas pela BR 239 – uma maior, de 222 mil hectares, que engloba a atual poligonal, por onde passa o rio Preto; e outra menor, de 18 mil hectares, que inclui a região do rio dos Macacos. A ampliação consolida, definitivamente, o título de Patrimônio Mundial concedido à unidade de conservação (UC) em 2001 pela Unesco.
O parque nacional é refúgio de espécies ameaçadas de extinção ou endêmicas (só existem no local), como o cervo-do-Pantanal, lobo-guará, pato-mergulhão e a onça pintada, maior mamífero carnívoro da América do Sul.
Com a ampliação, as ações de conservação serão mais efetivas, principalmente tratando-se dos grandes mamíferos, que necessitam de mais espaço para sobreviver. No caso da flora, outras fitofisionomias do cerrado passarão a ser incorporadas à UC, como é o caso das matas secas (formação vegetal altamente ameaçada).
A ampliação do parque trará ganhos, também, para as atividades econômicas da região, em especial o ecoturismo. Em 2015, a unidade, que fica a cerca de 250 quilômetros de Brasília, recebeu quase 60 mil visitantes. Esse número deve crescer ainda mais com os novos atrativos que serão anexados, entre eles, as cachoeiras do rio dos Macacos. Isso significa mais possibilidades de negócio nas áreas de hospedagem, alimentação e comércio de artesanato e bijuterias.
Saiba mais sobre o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros no site do ICMBio: http://www.icmbio.gov.br/parnachapadadosveadeiros/.
Rebio União
A Reserva Biológica União, unidade de conservação localizada entre os municípios de Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e Macaé, no estado do Rio de Janeiro, terá a área ampliada em 6 mil hectares, passando dos atuais 2,5 mil hectares para 8,6 mil hectares.
A relevância da ampliação tem relação direta com os objetivos de criação da reserva em 1998: assegurar a proteção e recuperação de remanescentes da Mata Atlântica da região de baixadas litorâneas fluminenses e salvar da extinção um de seus moradores mais ilustres, o mico-leão-dourado, espécie endêmica (exclusiva) do local e considerada o símbolo da conservação da natureza do Brasil.
Hoje, a Reserva Biológica União integra o Mosaico de Unidades de Conservação do Mico-Leão-Dourado. O mosaico tem mais de 170 mil hectares e abrange, além da Rebio União, outras duas UCs federais (a APA da Bacia do São João/Mico-Leão-Dourado e a Rebio de Poço das Antas), uma UC Estadual e quatro RPPNs.
Ao ampliar a reserva, o governo brasileiro reitera o compromisso internacional de conservação do mico-leão-dourado, em particular, e da biodiversidade brasileira como um todo, já que a região da reserva também é área de ocorrência de 36 espécies de mamíferos, como o bugio e a lontra, 36 de anfíbios e 17 de aves, além de outras espécies ameaçadas de extinção, como a preguiça-de-coleira e a jaguatirica.
Saiba mais sobre a Reserva Biológica União no site do ICMBio: http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/mata-atlantica/unidades-de-conservacao-mata-atlantica/2144-rebio-uniao.
Estação Ecológica do Taim
A Estação Ecológica do Taim recebeu mais 22 mil hectares, ampliando a sua área dos atuais 10,7 mil hectares para 32,7 mil hectares. A unidade de conservação fica entre os municípios de Rio Grande e Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, e foi incluída este ano na lista dos 16 sítios Ramsar do Brasil, áreas úmidas de importância internacional.
A área que será agregada à Estação Ecológica do Taim abriga mananciais de abastecimento d´água de toda a região de produção de arroz do extremo sul do país, da pecuária local e da pesca de águas interiores. A delimitação da área ampliada foi feita com base em critérios ambientais e socioeconômicos. Assim, os cultivos agrícolas estabelecidos de forma regulamentar, em quase sua totalidade, as moradias e as propriedades menores ficaram de fora da nova poligonal.
O Taim abriga a riqueza biológica da planície costeira gaúcha, com campos sulinos naturais, grande extensões de banhados, matas de restinga, lagoas, canais e campos de dunas costeiras de altitude, abrigando espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção, da flora e fauna, com destaque especial para a avifauna. A Estação Ecológica também contempla sítios históricos e arqueológicos.
Por outro lado, possui rara beleza cênica, facilidade de observação de fauna em pontos estratégicos, potencial para a realização de pesquisas científicas e educação ambiental, atividades que tem tudo para alavancar os projetos de desenvolvimento sustentável na região.
Saiba mais sobre a Estação Ecológica do Taim no site do ICMBio: http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/marinho/unidades-de-conservacao-marinho/2257-esec-do-taim
Campos Ferruginosos
A mais nova unidade de conservação da natureza federal do Brasil, o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos no Estado do Pará, tem área total de 79.029 hectares, abrangendo os municípios de Canaã de Carajás (82,9%) e Parauapebas (17,1%). O parque fica bem ao lado Floresta Nacional de Carajás, região conhecida por conter umas das maiores reservas minerais do planeta.
A área do parque é coberta por florestas e, principalmente, por savanas conhecidas como vegetação de canga ou campos rupestres ferruginosos, tipo raro de ecossistema associado aos afloramentos rochosos ricos em ferro. Abrigam espécies da fauna e flora endêmicas (que só existentes no local) e ameaçadas de extinção, além de ambientes aquáticos e cavernas.
A preocupação do Instituto Chico Mendes, a partir de agora, é dotar a unidade de toda a estrutura necessária para garantir a conservação desses singulares ecossistemas em sintonia com as atividades de visitação, recreação na natureza e turismo ecológico, próprias dos parques nacionais. Para isso, contará com o apoio da mineradora Vale conforme Licença de Instalação (LI) 947 do Ibama e termo de compromisso assinado entre a empresa e o ICMBio.
Saiba mais sobre a proposta de criação do Parque Nacional dos Campos Ferruginosos no site do ICMBio: http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/Cartilha_baixa__.pdf