O Projeto Golfinho Rotador foi procurado pela COMPESA para analisar o impacto nos golfinhos-rotadores do ruído de bombas de sucção para abastecimento de água que a empresa pretendia instalar em Fernando de Noronha. O resultado desta análise foi apresentado no 12º Congresso da Sociedade Latino Americana de Especialistas em Mamíferos Aquáticos, realizado em novembro na cidade de Lima, Peru.
entender o impacto possível da instalação de uma bomba submersa na laje do meio da Praia do Boldró destinada à retirada de água do mar para dessalinização, os pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador, realizaram simulações replicando o som da bomba em funcionamento. Enquanto uma equipe gravava no mar o som reproduzido pelo autofalante submerso, outra registrava em terra o comportamento dos golfinhos, utilizando binóculos e filmadoras. Em todos os registros, imediatamente após a emissão do som os golfinhos deixaram o local em deslocamento rápido e sincronizado. Na primeira ocasião foi em porpoise, que consiste no deslocamento dos golfinhos por saltos com todo o corpo exposto acima da superfície do mar e formando um único agrupamento. Esse comportamento é observado em situações fuga de algo entendido pelos golfinhos como uma ameaça, como predadores, embarcações em alta velocidade e ruído intenso.
A realização dos ensaios foi uma condicionante do processo de licenciamento ambiental para instalação de uma bomba submersa para captação de água salgada em áreas de ocupação dos golfinhos no arquipélago. Um deles foi realizado na Praia do Boldró, em frente ao local proposto para instalação da bomba. Os demais ocorreram em frente ao Forte dos Remédios, Praia do Cachorro e Praia do Meio. O playback com o som de uma bomba submersa foi reproduzido em uma caixa acústica suspensa a dois metros de profundidade a partir de uma embarcação mantida a 500 metros de distância da praia e 500 metros de distância dos golfinhos. Trata-se de uma gravação previamente obtida, cuja frequência variava entre 1800Hz e 8140Hz e intensidade máxima de 98,08dB. A partir da pesquisa, a equipe recomendou o uso de outras estratégias para captação de água do mar em Fernando de Noronha e áreas onde ocorrem concentrações semelhantes de golfinhos.
