Todos os anos, entre julho e novembro, milhares de jubartes se deslocam das áreas de alimentação na Antártida para a costa brasileira, onde se reproduzem. Bahia e Espírito Santo são os locais de maior concentração, mas Fernando de Noronha também recebe essas ilustres visitantes. Este ano o Projeto Golfinho Rotador registrou sete baleias na ilha: duas em junho, quatro em agosto e uma em setembro.
O registro de agosto, o de maior número este ano, ocorreu na Baía dos Golfinhos. Eram uma fêmea, um filhote e dois indivíduos adultos de sexo não identificado. O grupo permaneceu na área por pelo menos uma hora. Foram observados borrifos, resultado da respiração pulmonar das jubartes, e um salto.
A observação das jubartes em Noronha é feita em dois locais de monitoramento diário de rotadores: a Baía dos Golfinhos e a Baía de Santo Antônio. “Contamos ainda com uma rede de informantes locais”, afirma Flávio Lima, coordenador geral do Projeto Golfinho Rotador.
Há relatos da presença de jubartes em Fernando de Noronha desde 1989. De janeiro de 2000 a outubro de 2019 o monitoramento de cetáceos – incluindo os rotadores, outros golfinhos e também baleias – somou 5.812 dias no Mirante da Baía dos Golfinhos e 2.577 do Forte Nossa Senhora dos Remédios, de onde se avista a Baía de Santo Antônio.
Nesses 20 anos foram avistadas 419 jubartes na ilha. A partir de 2013, os registros aumentaram progressivamente, sendo 2017 o ano de maior número de jubartes: 144 (34,37% das avistagens para as duas últimas décadas). Flavio Lima lembra que 2017 foi o ano de maior ocorrência de jubartes não só para Noronha, mas para toda a costa brasileira.
Em Fernando de Noronha, o início da temporada reprodutiva ocorre em julho (12,17%), o seu pico em agosto (37,47%) e setembro (37,95%) e fim em outubro (8,59%), podendo se estender até novembro, assim como nas outras áreas de ocorrência no Brasil.
AS JUBARTES
Atualmente as jubartes são destaque no whale watching (ou turismo de observação de baleias) no Brasil, mas no passado eram alvo de caça, proibida desde 1966.
Dados do Projeto Baleia Jubarte, parceiro do Projeto Golfinho na Rede Biomar, apontam que a população original da espécie na costa do Brasil girava entre 25 e 30 mil. Hoje a estimativa é de 9 mil indivíduos. A Rede Biomar, que reúne projetos patrocinados pela Petrobras, conta ainda com os Projetos Albatroz, Coral Vivo, Meros do Brasil e Tamar.
O nome científico da baleia jubarte é Megaptera novaeangliae, que significa “grandes asas” e “Nova Inglaterra”, local onde a espécie foi descrita pela primeira vez. Assim como o golfinho-rotador, é um animal cosmopolita, ou seja, está presente em todos os oceanos.
Sua gestação dura cerca de 11 meses e resulta no nascimento de apenas um filhote, que costuma medir 4 metros e pesar 1,5 tonelada. Já um adulto pode medir até 16 metros e pesar 40 toneladas.
As jubartes se alimentam de krill (camarão minúsculo), especialmente nas regiões polares. Quando na costa brasileira, não costumam comer. Só os filhotes são amamentados.
O monitoramento dos rotadores e outros cetáceos em Fernando de Noronha, bem como atividades no campo da pesquisa e educação ambiental, além de ações nas áreas de envolvimento comunitário e sustentabilidade realizados desde 1990 pelo Projeto Golfinho Rotador, têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.