As crianças do Centro Integrado de Educação Infantil (CIEI) Bem-me-quer, em Fernando de Noronha, ainda estão aprendendo a ler e escrever, mas já são capazes de reconhecer, e até desenhar, figuras de animais da ilha. Conhecer golfinhos, tartarugas marinhas, tubarões e aves, entre outros bichos, é uma das ferramentas de educação ambiental utilizadas pelo Projeto Golfinho Rotador no CIEI, que atende a faixa etária dos 4 meses aos 5 anos.
De acordo com análise da equipe do Projeto Golfinho Rotador, a intervenção na creche tem se mostrado eficaz na evolução do conhecimento sobre a importância das Unidades de Conservação (UCs) e das espécies que nelas habitam, na percepção do ecossistema e no comportamento ambiental proativo dos alunos.
O tema foi abordado em estudo apresentado no IX Seminário Brasileiro sobre Áreas Protegidas e Inclusão Social (Sapis), em dezembro, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tendo como objetivo apresentar o programa de Educação Ambiental na primeira infância do Projeto Golfinho Rotador, o qual visa preparar crianças da ilha desde seus primeiros anos para uma vida pautada pela qualidade de vida e sustentabilidade nas UCs, transformando-as em seus verdadeiros guardiões.
Segundo referências bibliográficas citadas nesse trabalho, vários estudos mostraram que: a experiência direta na natureza é uma forma eficaz das pessoas serem proativas na preservação dos recursos naturais e em seu uso sustentável; a memória de se estar na natureza na primeira infância assegura a pessoa ser um guardião do Planeta; e, não estar em espaço natural na infância pode ter consequências para a saúde mental ao longo da vida. Estudos esses que corroboram para a importância das atividades de Educação Ambiental na primeira infância realizadas pelo Projeto Golfinho Rotador em Fernando de Noronha, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
No período de setembro de 2018 a agosto de 2019, houve 67 ações educativas no CIEI Bem-me-quer, entre saídas de campo para a área do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, oficinas ambientais em sala de aula e intervenções de arte-educação, incluindo arte e pintura em tela.
Como produtos artísticos, foram elaboradas 4 telas de pintura com colagem de folhas e carimbos feitos a partir de materiais orgânicos encontrados no jardim do CIEI Bem-me-quer. Utilizou-se talo da bananeira, galhos retorcidos e flores. “Depois, as crianças puderam perceber a beleza da natureza estampada nas telas”, relata Cynthia Gerling, coordenadora de Educação Ambiental e Sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador.
As crianças também assistiram a vídeos sobre o comportamento aéreo e subaquático dos golfinhos-rotadores de Noronha e a problemática do plástico nos oceanos. Nesse período houve a participação de 329 alunos. Como cada criança pode participar de mais de uma atividade, o número total de estudantes envolvidos foi de 595.
As atividades desenvolvidas no Bem-me-quer vão desde a contação de histórias envolvendo golfinhos e outros animais marinhos a intervenções no campo arte-educação, passando pela formação de todos os professores e auxiliares sobre variados temas como o branqueamento dos corais, acidificação dos oceanos e curiosidades sobre o golfinho-rotador.
Um dos materiais utilizados em sala é “Os Diários dos Bichos do Mar”, publicação da Rede Biomar, criada há mais de 10 anos com o objetivo de fomentar ações conjuntas de pesquisa, conservação e educação ambiental. Integram a rede os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador, Tamar e, mais recentemente, o Meros do Brasil, todos patrocinados pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Elaborado pelo Projeto Golfinho Rotador, é um livro educativo que conta a jornada e desafios dos filhotes até a fase adulta das 5 espécies, às quais os projetos de conservação marinha dedicam suas atividades: albatrozes, baleias-jubartes, corais, golfinhos-rotadores e tartarugas marinhas.
A equipe de educação ambiental do Projeto Golfinho Rotador utiliza ainda com os pequenos o gibi “Um garoto da cidade.” Os quadrinhos contam a história de Nando, um garoto de baixa consciência ambiental, que viaja com seu pai surfista para Noronha e ao vivenciar uma situação inusitada com os golfinhos, passa a ser um multiplicador da conservação marinha.
Enquanto estão surfando na Praia da Cacimba do Padre, o mar fica agitado e Nando é pego por uma corrente. O desespero do garoto é atenuado por um grupo de golfinhos-rotadores. Eles se aproximam de Nando para ajudar e Stenella, um filhote de rotador, inicia um diálogo com o garoto.
No bate-papo Stenella passa para Nando noções de conservação ambiental, do comportamento dos golfinhos-rotadores e do arquipélago de Fernando de Noronha. Depois, faz um apelo para o jovem surfista ajudar na proteção de Noronha e dos golfinhos.
O trabalho de educação ambiental, criação e publicação de livros, além da pesquisa e do monitoramento de golfinhos-rotadores, bem como ações nas áreas de envolvimento comunitário e sustentabilidade realizados desde 1990 pelo Projeto Golfinho Rotador têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.