Como os rotadores de Noronha estão se comportando? Essa é a pergunta que os pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador pretendem responder. No momento as pesquisas estão suspensas em todas as Unidades de Conservação Federais do Brasil, por determinação do Presidente do ICMBio.
O coordenador-geral do Projeto Golfinho Rotador, Flávio Lima, esclarece ter solicitado ao ICMBio Noronha autorização especial para realizar as observações.
Estão acontecendo dois fatos atípicos em Fernando de Noronha, que podem ter alterado o comportamento tradicional dos rotadores em Fernando de Noronha.
Primeiro, o Oceano Atlântico e especialmente Fernando de Noronha está enfrentando o segundo verão mais quente desde 1997, quando se começou a medir a temperatura dos Oceanos, como descreve o Global Climate Report da NOOA (https://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global/202002). Isto tem trazido sérias consequências, como a alteração na dinâmica de correntes, responsável pela distribuição de alimento dos rotadores de Noronha.
Segundo, em virtude da pandemia de Covid-19, todas as atividades de turismo foram proibidas e a visitação em Unidades de Conservação Federal estão suspensas desde 17 de março pelo ICMBio. Ou seja, Noronha vivencia pela primeira vez na história do seu turismo, a total inexistência de turistas e passeios de barcos para observar golfinhos. Vale lembrar, que o turismo iniciou na ilha em 1969 e o turismo náutico para observação de golfinhos na década de 70.
Registrados pela primeira vez em Noronha em 1556 pelo frade franciscano André Thévet (1502-1590), durante expedição do governo francês ao Brasil, os golfinhos-rotadores até hoje estão associados à imagem da ilha.
Em 2019, em 80% dos dias foram avistados em média 338 golfinhos em Fernando de Noronha. Golfinhos dessa espécie, cientificamente chamada Stenella longirostris, durante a noite se alimentam de peixes, lulas e camarões no oceano aberto. De dia, como apontam estudos realizados pelo Projeto Golfinho Rotador, os rotadores procuram as baías de Noronha para descansar, se reproduzir, amamentar e cuidar dos filhotes.
Esses dados, frutos das pesquisas realizadas ao longo de quase 30 anos, justificam a necessidade da conservação da espécie e da biodiversidade marinha em Fernando de Noronha.
As atividades de pesquisa, assim como ações na área de educação ambiental, envolvimento comunitário, sustentabilidade e monitoramento de golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha, têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.