Pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador (PGR) que é patrocinado pela Petrobras, têm observado, em Fernando de Noronha, cada vez mais espécimes com intrigantes ferimentos perfeitamente circulares no corpo. Com diâmetros em torno de 3 centímetros, essas feridas são causadas por mordidas de um tubarão com características bastante curiosas. Trata-se do tubarão-charuto, que em nada lembra os indivíduos das demais espécies de tubarões. Com cerca de 50 cm de comprimento quando adulto, o charuto é muito menor do que um golfinho-rotador, que pode chegar a medir mais de 2 metros. “O tubarão-charuto possui corpo longo e cilíndrico, por isso tem esse nome”, diz Cynthia Gerling, coordenadora de Educação e Comunicação Ambiental do PGR. “O focinho é curto e achatado, os olhos muito grandes e ele apresenta um aparelho bucal com adaptações à sucção”. Além disso, as barbatanas dorsais são desprovidas de estruturas duras e a barbatana caudal é de grandes dimensões, com as extremidades irregulares.
Encontrado em regiões de águas quentes e profundas de todos os oceanos, especialmente perto de ilhas, o tubarão-charuto se alimenta da primeira camada de pele e gordura de outros animais, entre eles o golfinho. Devido ao formato de sua boca, a marca deixada no corpo de suas vítimas é perfeitamente circular. Isso acontece devido à sua estrutura bucal, com semelhanças com a das lampreias, que lhe permite fixar-se sobre o hospedeiro, cortando um pedaço de carne, com alguns centímetros de diâmetro, para se alimentar. Os ferimentos deixados pelo charuto nos corpos de suas vítimas não representam grande ameaça, mas podem infeccionar e possibilitar a infecção por fungos. Em relação aos golfinhos-rotadores de Noronha, os pesquisadores do PGR já registraram quase 1,5 mil feridas e cicatrizes causadas por mordidas de tubarão-charuto, sendo a maioria delas cerca de 70% na parte posterior do corpo dos golfinhos. Por viver em águas profundas ele já foi registrado a 3.700 metros de profundidade, o charuto muito raramente é avistado pelo ser humano.
Sou bióloga e apaixonada por golfinhos, sempre quis trabalhar com o Projeto Golfinhos Rotator e sempre leio artigos sobre PGR.