No dia 23 de novembro, pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador (PGR) atuaram numa operação para resgatar um golfinho-rotador encalhado na Praia Cacimba do Padre, em Fernando de Noronha. O animal era uma fêmea, media cerca de 1,80 metro e foi encontrado por moradores, que logo acionaram a equipe do PGR. Patrocinado pela Petrobras, o PGR contou com a colaboração de pesquisadores do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) na operação. Segundo os cientistas e voluntários que atuaram no resgate, o mamífero demonstrava sinais de estar desorientado.
Num primeiro momento, foi realizada a operação que os especialistas chamam de “reintrodução”, na qual o animal encalhado é levado para depois da arrebentação. Esse trabalho não surtiu o efeito desejado, já que o golfinho voltou a encalhar novamente. “Nós seguimos os protocolos para encalhes e procuramos a melhor forma de reintrodução, conforme as condições ambientais”, diz a bióloga Priscila Medeiros, coordenadora do Projeto Golfinho Rotador. “Mas o golfinho não teve a reação de passar a arrebentação e seguir para mar aberto”.
Com isso, a solução foi levar o espécime num bote até um grupo de golfinhos que estava no Porto de Santo Antônio. Para transportar o animal da praia até o bote, os pesquisadores e voluntários usaram uma prancha como se fosse uma maca. “Levamos o animal até o Porto, onde uma equipe do PGR já monitorava um grupo de golfinhos. O mamífero foi reintroduzido no mar naquela região e se misturou ao grupo”, destaca Priscila. “Acabou tudo bem”.
O Projeto Golfinho Rotador é a instituição membro da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Nordeste-REMANE e da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Brasil-REMAB com atuação em Fernando de Noronha.
Liberdade
Um dos primeiros especialistas a chegar ao local do encalhe foi o biólogo Rafael Pinheiro, pesquisador do PGR. “Quando cheguei à praia, por volta das 8h da manhã, a golfinha estava sendo jogada nas pedras e na areia, bastante desorientada”, lembra Rafael. De acordo com o biólogo, o animal tentava retornar ao mar, mas não conseguia. “O local tem muitas pedras e estava com ondas, e muitas quebravam sobre a golfinha. Decidimos, então, conduzi-la para uma área menos conturbada”. Quando já estava no bote, o animal percebeu a presença de um grupo de golfinho perto da embarcação e reagiu de forma positiva. “A respiração dela ficou mais acelerada, num sinal claro de contentamento”, lembra o biólogo do PGR. Após ser introduzida ao grupo de golfinhos em mar aberto, a fêmea logo se misturou aos demais, indicando o sucesso da operação.