Junto com vários projetos patrocinados pelo Programa Petrobras Socioambiental, o Projeto Golfinho Rotador participou do mutirão de limpeza mundial que está acontecendo entre 14 e 21 de setembro de 2019, em 15 estados brasileiros.
Conforme idealizado pela Coordenadora de Educação Ambiental e Sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador, Cynthia Gerling, o “Cleanup Day” de Fernando de Noronha foi uma homenagem aos 31 anos de criação do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha/ICMBio.
O local escolhido para o mutirão em Fernando de Noronha foi a Baía do Sueste, que abriga uma das maiores biodiversidades do Arquipélago e possui o único mangue em ilhas oceânicas do Atlântico Sul.
O mutirão, organizado pelo Projeto Golfinho Rotador com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, ocorreu no dia 14 de setembro de 2019 e teve início às 9h30, com os participantes cantando Parabéns para o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Em seguida houve uma roda de conversa na areia, quando a pesquisadora do Projeto Golfinho Rotador Mariana Martins explicou sobre correntes marinhas, a conectividade dos oceanos, o lixo e o transporte dele pelas algas. Mariana também fez uma reflexão sobre o papel das pessoas como guardiões dos mares e a importância do consumo consciente.
Às 10h começou a coleta dos resíduos sólidos no Mangue do Sueste, na borda das dunas e na praia. Os participantes se dividiram em grupos de acordo com o lixo a ser coletado: plástico duro, plástico mole, metal, matéria orgânica, madeira e garrafas plásticas. Após a ação de coleta, às 12h, houve um lanche à base de frutas, no PIC do Sueste.
A ação de limpeza contou com a participação de 52 pessoas. Participaram da atividade alunos da Escola do Mar Alma Solar Noronha, o Grupo Jovem Mar Noronha, pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador, Analistas Ambientais e voluntários do ICMBio Noronha, técnicos da Autarquia Estadual do Território do Distrito Estadual de Fernando de Noronha, alunos e educadores da Escola de Referência no Ensino Fundamental e Médio Arquipélago Fernando de Noronha, a equipe do Projeto Tamar e turistas.
A equipe de pesquisa do Projeto Golfinho Rotador realizou a triagem e a contagem dos 5.437 itens coletados, sendo 1 garrafa PET, 2 canudos, 3.866 fragmentos de plástico rígido, fragmentos de 961 plásticos maleáveis, 33 linhas de pesca, 83 pedaços de isopor, 248 outros tipos de plástico. Além dos plásticos, foram contabilizados 3 fragmentos de madeira, 6 de vidro e cerâmica, 27 de borracha, 14 de papel, 5 de metal, e 368 diversos, entre bitucas de cigarro, pedaços de roupas, fraldas e absorventes. Algumas tampinhas de garrafas PET e rótulos revelaram a origem do lixo: Canadá, Indonésia e Suíça.
O peso do material recolhido no mutirão de limpeza foi 8,158 Kg de lixo, o que parece pouco. Principalmente se comparado aos outros projetos, que estão percorrendo quilômetros de praias e recolhendo toneladas de lixo. Mas aqui, menos é mais. O nosso foco foi realmente recolher fragmentos de plástico e falar um pouco sobre como esses fragmentos prejudicam a fauna marinha. Enaltecendo a importância da coleta de um tipo de lixo, que geralmente não é o foco de coleta em outros lugares.
O oceanógrafo José Martins, coordenador da Área Socioambiental do ICMBio Noronha e criador do Projeto Golfinho Rotador, explica que os fragmentos de plástico coletados estavam misturados a algas pardas flutuantes, levadas para a ilha entre março e maio de 2019. Segundo ele, esta é a segunda vez que Noronha recebe grande quantidade destas algas. A primeira foi em abril de 2015. Além de plástico, essas algas carregam organismos que podem ser espécies invasoras.
“A causa mais provável para o aparecimento dessas algas em Fernando de Noronha é que, devido ao aquecimento das águas, se formou uma grande concentração na região do Oceano Atlântico Central, pouco abaixo da linha do Equador. Os fragmentos de plásticos que são transportados pela Corrente Sul-Equatorial ficam presos nas algas”, explica José Martins.
Entre os plásticos que estão no mar e que ainda podem ser coletados, os fragmentos são os elementos que estão mais próximos de virarem micro plástico, quando começam a ser incorporados nos ciclos biológicos dos oceanos. Retirar dos mares estes fragmentos de plástico significa interromper o processo de incorporação aos ciclos biológicos deste material no ultimo instante. Esta foi a grande importância do mutirão de limpeza mundial realizado pelo Projeto Golfinho Rotador em Fernando de Noronha.