De filho de ex-presidiário ao cargo executivo mais elevado do arquipélago de Fernando de Noronha, o de administrador-geral. A trajetória de Domício Cordeiro é tão repleta de histórias marcantes, que foi um dos escolhidos para integrar o grupo de palestrantes intitulado “Protagonistas de Noronha” durante o programa Férias Ecológicas 2017.
As Férias Ecológicas é uma ação tradicional de Educação Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Projeto Golfinho Rotador, com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O Programa foi criado em 1990 para oferecer opção de lazer e ampliar a percepção sobre a conservação ambiental dos jovens moradores da ilha no período das férias escolares.
Com tantas histórias para contar, além de Domício, no time de palestrantes das Férias Ecológicas, estavam ainda: Dona Nanete, fundadora do grupo Maracatu Nação Noronha; Seu Orlando Souza, presidente da Associação de Pescadores de Noronha; e por fim, Dona Zefinha, uma das empresárias mais antigas de Noronha, com seus 92 anos.
Em 1916, o pai de Domício desembarcou em Noronha e até 1928 ficou detido no presídio. De presidiário, conquistou o cargo de carcereiro e, em 1942, se tornou funcionário do Exército Brasileiro. Ele se casou e teve 14 filhos, sendo um deles, Domício Cordeiro.
Hoje com 68 anos, Domício carrega com muito orgulho o título de segundo noronhense mais antigo. Outros dois títulos dos quais ele se orgulha bastante é o de mestre e doutor em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade de São Paulo (USP). Ainda no mês de janeiro, Domício foi o palestrante da Quinta da Boa Prosa, círculo de palestras promovido pelo ICMBio. O encontro ocorre toda quinta-feira no auditório do Tamar/ICMBio.
De 1991 a 1994, Domício exerceu o cargo de administrador-geral de Fernando de Noronha. Mas antes de ser administrador-geral, ele também foi o primeiro diretor do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Parnamar). O parque foi criado em 14 de setembro de 1988, pelo Decreto Federal nº 96.693, e é subordinado ao ICMBio. O Parnamar representa 2/3 da ilha principal e inclui todas as ilhas secundárias, com área total de 112,7 km². Domício também detém o título de primeiro secretário do Meio Ambiente do Brasil. “O cargo de secretário do Meio Ambiente foi criado aqui em Fernando de Noronha”, afirmou orgulhoso. Ele exerceu o cargo de secretário de 1997 a 1998.
Sábio e com uma memória de dar inveja, Domício relata diversas curiosidades sobre os nomes dos bairros e pontos turísticos de Fernando de Noronha. O bairro do Trinta, por exemplo, recebeu este nome porque abrigava o 30º Batalhão de Infantaria. Já sobre o Buraco da Raquel, que é um túnel escavado pelo mar no meio da base de uma rocha vulcânica, localizado na Praia das Caieiras, Domício explicou que de fato a Raquel nunca existiu. Ela teria sido uma criação de um condutor de visitantes chamado Manu. “Manu foi o primeiro guia de Noronha. Foi Manu que criou o Buraco da Raquel”, explicou. Segundo Domício, Manu tinha uma imaginação fértil e costumava brincar com os turistas. A planta urtiga, por exemplo, ele a chamava de “pé-de-rosa-dá”, pois se a pessoa tocasse nela, dava dor, dava urticaria e por aí vai!
Relatos sobre as tentativas desastrosas de introduzir animais como cobras e jacarés em Noronha, também fazem parte do repertório de Domício. Sobre a cobra, ele afirmou que tentaram entrar com uma jararaca, mas foi tão desastroso, que no aeroporto mesmo, o avião acabou passando por cima e matando o reptil. Já sobre o caso do jacaré, Domício afirmou que uma pessoa tentou entrar com dois espécimes do animal escondidos em uma caixa de sapato para soltar no açude do Xareu. Prontamente Domício pegou os animais e levou para uma reserva ambiental fora da ilha.
Essas e outras histórias devem integrar o livro que Domício está escrevendo, “Enquanto é tempo – Histórias ouvidas e vividas”. A obra está prevista para ser lançada em 2018 e reúne relatos dos moradores mais antigos de Noronha e também os próprios relatos de Domício.
O Projeto Golfinho Rotador é executado pela ONG Centro Golfinho Rotador, tem coordenação do ICMBio e patrocínio oficial da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
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