A Dra. Ana Paula Cazerta Farro, Coordenadora do Laboratório de Genética e Conservação do CEUNES-UFES, São Mateus (ES) e a Bióloga Fernanda Lopes Teixeira, mestranda do Programa de Pós-graduação em Biologia Animal (PPGBAN) da UFES, pesquisadores associados do Projeto Golfinho Rotador, foram a Fernando de Noronha para realizar estudos genéticos com os golfinhos do Arquipélago. Foram coletadas amostras da pele dos animais, que utilizam a ilha para descanso, reprodução e cuidados com os filhotes. A pesquisa genética, coordenada pela pesquisadora da UFES, faz parte de uma das linhas de pesquisa abordadas no Projeto Golfinho Rotador, e que tem patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
A coleta foi realizada ao longo da costa do Arquipélago de Fernando de Noronha, PE, Brasil, na área do Mar de Dentro. A área amostrada fica fora da área de influência da Baía dos Golfinhos, que constitui zona de proteção especial. O trecho amostrado englobou a área da praia do Boldró e imediações das Ilhas Secundárias e circundando, envolvendo, portanto, tanto a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha quanto o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Dessa vez, foi circundada a Ilha Rata, passando também pelo Mar de Fora. No entanto, não foram obtidas amostras nestas ocasiões, descreve o Dr. José Martins, coordenador-geral do Projeto Golfinho Rotador..
Esta pesquisa utiliza um método pouco invasivo, que dispensa a contenção do animal. Trata-se de bastões de madeira com esponjas presas à ponta, que são esfregadas no dorso do golfinho quando o animal se aproxima da superfície do mar.
A técnica não provoca lesões na pele dos cetáceos, cientificamente denominados Stenella longirostris. O fato de ser de ambiente marinho, e estar com a pele sempre em contato com a água, facilita ainda mais esse tipo de raspagem, lembra José Martins.
O material é removido da esponja com uma pinça e conservado em frascos com álcool a 70%. A análise do DNA é feita em laboratório, com o método de reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em inglês), um tipo de marcador molecular. Com a PCR, os pesquisadores obtêm dados sobre a diversidade genética dos golfinhos-rotadores e o sexo dos indivíduos amostrados. Esses dados são fundamentais para orientar ações de conservação da espécie.
Foram realizadas cinco saídas de barco para a coleta as quais envolveram um total de 15 horas e 12 minutos de esforço amostral, entre os dias 12 a 22 de fevereiro de 2019. Foram obtidas 81 amostras de pele, das quais 27 apresentaram grandes quantidades de pele visível. Das restantes, 29 apresentaram quantidades medianas e 25 pouca quantidade de pele visível.
O Projeto Golfinho Rotador realiza estudos da diversidade genética dos animais em parceria com Ana Paula Farro há 15 anos, com expedições de amostragem em 2004, 2006, 2009, 2012 e agora em 2019. “Estamos caracterizando geneticamente a população de golfinhos de Fernando de Noronha. Populações com baixa diversidade genética e um número menor de indivíduos tendem a ter menos condições de se adaptarem a mudanças ambientais, como alterações de temperatura, diminuição de recursos ou infestação por um parasita.”, diz a pesquisadora.
Um dos resultados obtidos até agora foi a detecção de diferenças entre alguns rotadores de Noronha e rotadores que vivem ao longo da costa brasileira. “Em Noronha temos duas populações, uma delas com mais semelhanças genéticas com golfinhos-rotadores encontrados em outras partes do Brasil”, detalha Ana Paula Farro.
Segundo a pesquisadora, o grupo de golfinhos-rotadores de Noronha geneticamente mais distante dos rotadores encontrados ao longo da costa brasileira pode constituir uma população residente de Fernando de Noronha, que se reproduza entre si e não com os demais rotadores do Brasil. Comprovando a existência de uma população de golfinhos conhecida como “rotadores de Noronha”.
Populações com baixa diversidade genética e um número menor de indivíduos tendem a ter menos condições de se adaptarem a mudanças bruscas, como alterações de temperatura, ou ainda falta de alimento ou infestação por um parasita.
Um dos resultados alcançados até agora foi a detecção de diferenças entre alguns rotadores de Noronha e rotadores que vivem ao longo da costa brasileira. Em Noronha há duas populações, uma delas com mais semelhanças genéticas com golfinhos-rotadores encontrados em outras partes do Brasil.
É provável, segundo os pesquisadores, que o grupo de golfinhos-rotadores de Noronha seja geneticamente mais distante dos rotadores encontrados ao longo da costa brasileira, constituindo assim uma população residente de Fernando de Noronha, que se reproduza entre si e não com as demais populações de rotadores do Brasil. Comprovando a existência de uma população de golfinhos conhecida como “rotadores de Noronha”.