É do Mirante dos Golfinhos e do Forte de Nossa Senhora dos Remédios, em Fernando de Noronha, que diariamente os pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador observam e contam esses carismáticos mamíferos marinhos. Agora, a equipe está regularmente fazendo esse monitoramento também embarcado, para o registro dos golfinhos que acompanham os barcos de turismo da ilha, um dos destinos mais procurados por visitantes brasileiros e estrangeiros.
O monitoramento embarcado já vinha sendo feito pelo Projeto Golfinho Rotador, mas de forma esporádica. “A partir do patrocínio da Petrobras, renovado em setembro de 2018, reiniciamos a atividade, só que agora com regularidade”, relata o coordenador geral do Projeto, José Martins.
Observando os golfinhos os pesquisadores registram não só quantidade, a partir do censo, mas sobretudo o comportamento deles. Espécie oceânica, o golfinho-rotador costuma se alimentar de noite e, durante o dia, descansar nas áreas do chamado mar-de-dentro (face voltada para o continente) de Fernando de Noronha. Nessas áreas calmas e protegidas eles também se reproduzem e cuidam dos filhotes.
Já a observação a bordo, entre outros aspectos, mostra um tipo de comportamento descrito por José Martins em estudos anteriores: o deslocamento de alguns golfinhos como se estivessem acompanhando a embarcação. “Esse comportamento aparentemente amistoso na verdade tem como função “distrair” o barco e é normalmente realizado pelo grupo de guarda, composto principalmente por machos adultos. Afinal, se os humanos estiverem entretidos com alguns golfinhos, vão deixar o resto do grupo em paz, não é mesmo?”, explica José Martins.
Estão previstas 102 saídas de barco num período de dois anos, 96 com duração de 4 a 8 horas ao redor do Arquipélago de Fernando de Noronha e 6 com duração de até 3 dias na região oceânica entre Arquipélago de São Pedro e São Paulo, Atol das Rocas e a Cadeia de Montanhas Submarinas de Fernando de Noronha.
Em cada saída são coletados os seguintes dados: horário da saída do porto, horário de regresso e percurso. Ao encontrar golfinhos, os pesquisadores registram o local, hora inicial e final da observação, a espécie, o tamanho do agrupamento, o número de animais observados acompanhando o barco, a segmentação etária do agrupamento e o sentido do deslocamento.
O golfinho mais comum em Fernando de Noronha tem como nome científico Stenella (por ter o corpo alongado) longirostris (por ter o focinho longo) e é chamado de rotador por saltar fora da água e dar até sete rotações em torno do próprio eixo.
O trabalho de monitoramento embarcado e outras atividades de pesquisa, envolvimento comunitário e educação ambiental realizados ao longo de 28 anos de criação do Projeto Golfinho Rotador têm patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e Governo Federal. A ONG Centro Golfinho Rotador é responsável pela execução do projeto, que tem coordenação do ICMBio Noronha.